Na semana passada, falamos sobre a importância da amamentação, principalmente nos primeiros meses de vida dos bebês. Dando sequência ao assunto, nessa semana o tema é a alimentação das crianças. Na hora de escolher o cardápio dos pequenos, é comum que papais e mamães se deparem com uma cara feia ao colocar frutas, verduras e legumes no prato dos filhos. Convenhamos que esses alimentos não são atrativos como o tradicional bife com batatas fritas ou o suculento hambúrguer, não é mesmo? Mas, eles são extremamente necessários para a saúde das crianças, e podem até passar de chatos coadjuvantes para estrelas consagradas das refeições infantis.
Segundo a chef de cozinha Nathália Donato, que é especializada em alimentação infantil, um dos grandes problemas da nutrição das crianças atualmente é a falta de tempo. “As pessoas não têm tempo, e isso abre espaço para escolhermos refeições mais práticas e, na maioria dos casos, ruins”, afirma a profissional, que também aponta as propagandas de produtos industrializados como grandes vilãs. “Esses produtos têm excesso de açúcar, sódio e aditivos, e acabam viciando o paladar das crianças. Além disso, a propaganda leva os pais a acreditarem que esses alimentos podem ser saudáveis porque o fabricante diz ter adicionado ferro e vitaminas. Ninguém lê o rótulo”, explica.
Mesmo assim, a chef não defende que o junk food seja banido da alimentação infantil. “Se uma criança tem uma alimentação equilibrada durante a semana e um dia pede para comer um hambúrguer, por exemplo, ela não é automaticamente uma criança não saudável que será obesa no futuro. O que precisa é haver o entendimento de que o hambúrguer é uma exceção, uma guloseima”, orienta Nathália.
Mas, o que seria uma alimentação equilibrada? A profissional indica a combinação ideal de alimentos para um prato infantil saudável. “O prato precisa ter uma boa combinação de proteína, legumes, verduras e uma fonte de carboidrato. Não precisa ser comida gourmetizada, é a boa e velha comida de casa, comida da vó”, diz a chef. E na hora de incentivar a criança a comer, muitos pais ainda utilizam estratégias antigas e consideradas incorretas, como deixar muitas horas sem comer ou segurar a criança na mesa até que ela termine toda a comida do prato. Para quem adota esse modelo, vai um recado. “A criança não vai comer porque você disse que é saudável. Ela vai comer se achar gostoso, e quando achar, vai pedir mais e comer com vontade”, ressalta.
Se você ainda não sabe o que fazer para que seus filhos comam comida de qualidade, não se desespere. A chef preparou algumas dicas que vão auxiliar na hora de ensinar os pequenos a consumir determinados alimentos. Mas, antes, ela lembra a importância da educação alimentar na infância. “As crianças estão na fase de formação do paladar e compreensão da importância de comer bem, por isso deve ser incentivada a experimentar alimentos variados, tendo a opção de não gostar. E incentivar não é obrigar, é instigar a curiosidade”, finaliza a profissional.
Agora, vamos para as dicas:
– Envolva a criança no processo. Peça auxílio dela para escolher os itens na feira, para lavar as folhas, para separar os ingredientes. Chame a criança também para acompanhar o preparo da comida na panela, deixa que ela cheire e prove durante o cozimento. Não adianta só chamar a criança quando a comida estiver na mesa;
– Combine alimentos que a criança não goste tanto com outros que ela adore, mas não esconda a beterraba no feijão, por exemplo. É preciso mostrar que a combinação dos elementos pode criar uma versão ainda mais gostosa daqui-lo que ela conhece;
– Use recursos lúdicos durante a alimentação. Conte uma história, converse sobre o dia da criança, brinque de descobrir o desenho no fundo do prato conforme ela vai comendo;
– Não traga para a mesa elementos como tablet e celular, nem deixe a televisão ligada. A bagunça distrai a criança, e ela deve comer de forma consciente;
– Dê o exemplo sempre. É preciso fazer as refeições à mesa, mostrar que os pais comem a mesma comida do filho. Não adianta querer que a criança coma salada se ela nunca vê as folhas no prato do pai, por exemplo.
Aprendeu? Com um pouco de atenção e paciência, você pode transformar a alimentação do seu filho. Dedique-se e faça acontecer!