Para o povo chinês, a comida é mais do que uma simples necessidade da vida. Representa o prazer, solidifica os laços sociais e familiares, conta histórias e transmite tradições. E, acima de tudo, comida é remédio.
Neste artigo, vamos abordar um dos pilares mais importantes da Medicina Tradicional Chinesa, a dietoterapia chinesa, uma prática milenar utilizada para prevenir e tratar doenças através do uso dos alimentos.
A dietoterapia se baseia em conceitos relacionados às energias Yin e Yang, deixando de lado os valores nutricionais para tratar ou preservar a saúde e dando espaço ao aspecto energético de cada alimento. Podemos então assim dizer, que cada alimento tem uma energia capaz de gerar harmonia, desintoxicar e até curar os problemas do organismo.
Para os chineses, os alimentos classificados como yang aumentam o calor do corpo (aceleram o metabolismo), já os alimentos do tipo yin diminuem esse calor (desaceleram o metabolismo), porém, para adquirir o equilíbrio total é preciso consumir tanto alimentos yin quanto yang.
Além de levar em consideração a direção energética dos alimentos, a dietoterapia chinesa reforça a importância dos sabores, que teriam uma função que vai além do paladar e são divididos em: picante, doce, salgado, amargo e ácido, onde cada um provoca uma reação diferente no organismo. Cada mordida em um alimento leva os nutrientes para os órgãos correspondentes: o ácido vai para o fígado e ajuda a parar com o suor e a diminuir a tosse; os alimentos amargos vão para o coração e para o intestino delgado e ajudam a resfriar o corpo e a secar a umidade; a pimenta entra nos pulmões e no intestino grosso e estimula o apetite; o doce vai para o estômago e para o baço e ajuda a lubrificar o corpo. Logo, é importante que cada um desses sabores esteja presente na dieta.
A estação e a época do ano também são fatores a serem levados em consideração. Por exemplo, a primavera é normalmente mais úmida na China, o que significa que, durante essa estação, é melhor ingerir alimentos que possam acabar com a umidade no corpo, como milho, feijão e cebola.
O verão é quente, por isso, o melhor é ingerir alimentos que possam resfriar o organismo, como melancia e pepino. O outono é seco, o que significa que, nessa estação, se destacam os alimentos para “lubrificar” o corpo, como ervilha e mel. O inverno é frio, logo, o mais recomendável é ingerir comidas quentes, como carne de boi ou camarão.
Mas, então, o que pode ser considerado saudável e o que deve ser evitado? Segundo a medicina tradicional chinesa, todo alimento é nutritivo, e, desde que seja consumido de forma moderada, nada fará mal para a saúde. Afinal de contas, tudo é equilíbrio!