Ela não escolhe a idade, o gênero ou a classe social. Basta um deslize e ela assume o controle, por isso especialistas do mundo inteiro a chamam de ‘o mal do século’. A força pode ser de um furacão categoria 5, mas ela manda recado. Ela ganhou status de patologia porque as pessoas estão ocupadas demais para prestar atenção. Nessa semana, vamos falar da ansiedade que não gera as borboletas no estômago, nem aquece o coração.
Atualmente, é quase impossível encontrar pessoas que nunca tenham sofrido crises de ansiedade. Esse problema passou a ser comentado nas rodas de conversa, nas redes sociais e vem lotando os consultórios médicos. As razões são variadas, mas o estresse, geralmente causado pelo excesso de trabalho, é um dos campeões da lista. O segredo que ninguém conta é que a produtividade alcançada pela boa administração do próprio tempo auxilia no tratamento e na prevenção da ansiedade.
Mas, o que é ansiedade e o que é estresse? Quem esclarece essa dúvida é o psicólogo Roberto Debski. “A ansiedade e o estresse andam de mãos dadas, e possuem sintomas parecidos. Mas, nem todas as pessoas fazem do acúmulo de atividades um motivo para ficarem estressadas. Quanto mais resiliência individual (capacidade de superação) e adaptabilidade você possuir, menor será a sua tendência ao adoecimento”, explicou.
De acordo com o médico, essas habilidades podem ser adquiridas e aperfeiçoadas durante a vida. E há quem ainda não consiga praticá-las e se deixe levar pela sobrecarga. Para esse grupo de pessoas, Debski tem um recado. “Prioridade e procrastinação são palavras-chave nesse assunto. Algumas pessoas não conseguem priorizar o que é necessário para cada momento, e deixam as atividades que não gostam para depois. Então, a disciplina, a rotina e o planejamento devem ser precisos para que consigamos realizar o que queremos e o que gostamos”, orientou o especialista. Podem começar a praticar!
Já entendemos que a ansiedade começa no estresse, e que o acúmulo das tarefas gera esse desconforto em algumas pessoas. Abrir mão da vida pessoal em prol do trabalho é necessário mas não pode se tornar um hábito, o que nos leva a outra palavra-chave: delegar. “A dificuldade para delegar tarefas vem da falta de confiança no próximo, do perfeccionismo e de uma personalidade centralizadora. Ela pode ser mudada com auxílio de coaching ou psicoterapia, mas é preciso entender que existe um comportamento nocivo e que mudanças não acontecem rapidamente, existe um processo”, afirmou Debski.
Falando em palavras-chave, trazemos mais uma: o ‘não’. Pequeno, mas poderoso, o ‘não’ faz a diferença na vida do seleto grupo que aprendeu a usá-lo. E você pode pertencer a ele, dominando esse superpoder. “Quem não sabe ou não consegue dizer não tende a fazer sempre as coisas pelos outros, desagradando a si mesmo. Esse comportamento pode vir do sistema familiar, de filhos que aprendem a obedecer e concordar com tudo, e mantém essa postura para a vida toda”, comentou. O médico também acrescentou que, dentro da Psicossomática, a dificuldade em dizer ‘não’ pode abrir portas para diversas doenças, inclusive o câncer, fazendo um paralelo com sua característica invasiva. Quando o nosso organismo não consegue dizer ‘não’, a doença invade o corpo.
O segredo do sucesso que não abre espaço para estresse, ansiedade e outras doenças é a boa administração das duas qualidades de tempo que temos, o Chronos e o Kairos. Chronos é o tempo que marca o relógio, e Kairos é o que chamamos de tempo emocional. Buscar o equilíbrio entre eles é aceitar as atividades que precisamos fazer (emocional) e planejar (no relógio). “Conciliando razão e emoção, conseguiremos os resultados desejados com satisfação, bem-estar e qualidade de vida”, finalizou o especialista.